Princípos que Inspiram a nossa Gestão


Para além dos interesses mercadológicos e político-ideológicos, que se distanciam dos anseios das classes populares, o projeto de interiorização que abraçamos visa descentralizar o ensino superior, promover a pesquisa e estabelecer diálogos entre a Universidade e as organizações sociais que estão fazendo da microrregião do agreste de Pernambuco um espaço de desenvolvimento social e econômico em evidência nacional. O Centro Acadêmico do Agreste tem hoje cerca de 90% de jovens e adultos como estudantes originários do agreste e do sertão pernambucano, nos dez cursos em funcionamento. Este dado é a primeira amostra significativa de que o projeto de interiorização está cumprindo sua missão, seguido do fato de que muitos dos egressos de nossos cursos já tenham ingressado em programas de pós-graduação e em atividades profissionais da área de formação inicial. Temos consciência de que isso seja fruto do compromisso de quem aqui veio porque acreditou no projeto do CAA, investiu forças, contribuiu no desenvolvimento de projetos, trabalhou muito, construiu possibilidades e se tornou sujeito. Não basta erigir estruturas e criar infraestruturas, é necessário investir em pessoas e em projetos que humanizam e libertam a sociedade das amarras do capital e das malhas ideológicas que escravizam as classes empobrecidas. Estamos aqui porque acreditamos que o Ensino Superior seja uma forma de humanizar pessoas e organizações sociais. Este é o nosso compromisso!

Considerando tudo que afirmamos, comprometemo-nos em desenvolver ações planejadas a partir da realidade do CAA e do seu entorno, orientadas pela ética da alteridade. Desse modo, assumimos:

I. O fortalecimento do ensino superior público, gratuito, laico e referenciado socialmente;

Defendemos que tal fortalecimento seja marcado por ações que elevem e dignifiquem as condições de vida dos nossos destinatários, longe dos discursos e práticas desenvolvimentistas e comprometidas com o capital. A Universidade pública deve pôr-se a serviço da construção de uma sociedade mais humanizada, justa e solidária. E a política de formação acadêmica e profissional integral deve se tornar de qualidade à medida que busca a sustentabilidade do humano responsável com os destinos do mundo e da sociedade.

II. A busca de investimentos de órgãos de fomento para o ensino superior, para a pesquisa e para a extensão, bem como de recursos de projetos apoiados por empresas e organizações sociais;

Defendemos que o papel do Campus do Agreste seja estratégico para trazer e fixar ações afirmativas e projetos nas áreas de ensino, pesquisa e extensão que impulsionem o desenvolvimento da região agreste de Pernambuco, contribuindo com a diminuição das desigualdades sociais e econômicas. Conhecimentos e saberes conquistados no campus têm como metas fundamentais a promoção da qualidade de vida e a sustentabilidade dos jovens e adultos das classes que foram excluídas dos saberes das ciências, das tecnologias e das possibilidades de gerir a vida e a sociedade de maneira digna. Por tais razões, é necessário que haja uma estreita relação interna e externa entre as áreas de conhecimento científico e tecnológico para que se diminua a disparidade valorativa que se estabeleceu entre elas e para que se acentue a interação com a sociedade.

III. O papel de colaborar e de fomentar a ações afirmativas e de incentivo à formulação de políticas públicas de inclusão social, de respeito às diferenças, trazendo impactos significativos para a vida acadêmica e social local e regional;

Acreditamos que a alteridade é uma realidade que vai além do dito sobre a diferença e põe agentes de uma organização social no plano do ser responsável pelo outro. O comprometimento com essa ordem supõe uma nova consciência pessoal, social e política que, sem dúvida re-propõe e recria modos de ser de relações inter-humanas. Sendo assim, a comunidade acadêmica é um topos significativo de vivências propositivas ad intra e ad extra, possibilitando a instauração de uma sociedade sem exclusões de qualquer espécie.

IV. O compromisso de promover uma gestão democrática, descentralizada e participativa em todos os setores da comunidade acadêmica;

Níveis, modos e estratégias de uma organização como a que está sendo proposta não se decide senão entre os agentes que atuam na comunidade acadêmica. O CAA tem necessidade de criar e recriar modos de se organizar para gerir de maneira participativa e responsável, em todos os setores de atuação. E essa é a nossa meta!

V. A defesa de processos relacionais inter-humanos na comunidade acadêmica marcados pelo diálogo, pelo respeito incondicional às diferenças pessoais e pela responsabilidade pelo Outro.

Acreditamos que a responsabilidade ética de uma comunidade acadêmica impulsiona os sujeitos em duplo movimento de ora transformar a organização social interna em um laboratório de vivências dialogais e justas, ora de fomentar a transformação da sociedade em que vivemos. Como podemos exigir o diálogo e a justiça social se não somos dialogais e justos?

Um comentário: